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sexta-feira, 12 de março de 2010

Economia cresce e pressiona juros

  • 12 Mar 2010
  • Valor Economico
  • Eduardo Campos é repórter E-mail: eduardo.campos@valor.com.br

O crescimento das vendas no varejo acima das expectativas em janeiro e o ritmo forte de expansão da economia no final do ano voltaram a pressionar os juros no mercado futuro da BM&F ontem. Omercado aumentou as apostas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) possa elevar a taxa Selic, atualmente em 8,75%, já na reunião da próxima semana. O maior gatilho para as posições compradas no mercado futuro de juros foram as vendas varejistas de janeiro, que subiram 2,7%. Já o PIB do quarto trimestre, anunciado ontem pelo IBGE, confirmou a acelerada recuperação da economia brasileira, avançando 4,3%.

As declarações feitas pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, dando conta de que a economia “entrou em fase de expansão vigorosa”, também deram mais força à corrente de mercado que espera uma alta dos juros na próxima semana, segundo o economista-sênior para a América Latina da empresa de análises de mercado 4Cast, Pedro Tuesta. Os rumores sobre a saída iminente de Henrique Meirelles do Banco Central continuaram circulando no mercado. Como notou o diretor de gestão da Meta Asset Management, Henrique de La Rocque, não que a saída vá mudar a condução da política monetária no curto prazo, mas isso não deixa de ser um estímulo para o acúmulo nos prêmios de risco.

Refletindo isso, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para vencimento em abril de 2011, o mais líquido do dia, subiu 0,06 ponto, para 8,82%, na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). E o DI para janeiro de 2011 acumulava 0,05 ponto, a 10,52%. O volume negociado seguiu elevado, passando de 1,5 milhão de contratos.

Outra corrente do mercado não vê necessidade de elevação da Selic agora em março. Olhando os mesmos dados, o economista da LCA Bráulio Broges extraiu elementos que contradizem o senso de urgência de alta na Selic. O ponto inicial é que o consumo das famílias segue crescendo, mas em ritmo menor que nos trimestres anteriores. “Isso confirma a história que, daqui para frente, o consumo não deve ter mais o mesmo fôlego e isso é importante para a política monetária, pois dá mais tempo para o BC avaliar se os choques do começo do ano foram ou não reflexo de demanda”, notou o economista.

Pelo lado da inflação, a avaliação da LCA é categórica: 84% da surpresa inflacionária do primeiro bimestre do ano é reflexo de choque de oferta e reajustes pontuais. Ou seja, não há relação com a atividade. “Realmente não concordo com esse senso de urgência de alta de juros em março.”

No mercado de câmbio, o dia foi morno. O dólar comercial oscilou apenas R$ 0,009 entre máxima e mínima, até fechar com leve baixa de 0,16%, a R$ 1,770. No mês, no entanto, a moeda já cai 2,05%. Segundo o analista da BGC Liquidez, Mário Paiva, essa queda do dólar em março reflete a expectativa do fluxo de entrada em função das ofertas de ações que vão acontecer ao longo do mês.

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